Hoje na verdade eu queria postar um texto que escrevi na minha primera aula de alemão na Alemanha. Um texto que falava um pouco da minha primeira impressão da escola e da vida daqui.
Mas se tem uma coisa que eu aprendi é que nós não mandamos e nem decidimos nada, nem mesmo se vamos ou não postar alguma coisa. Com certeza ainda vou falar muito de Berlim por aqui, da escola e da minha vida alemã. Só que hoje dedico o que tenho, com 10.250km ( sim eu amo dar ênfase nos 250) de distância do que mais importa pra mim, para meu bisavô que por vontade de Deus hoje foi ao seu encontro.
A todos que lerem isso e estiverem no Brasil nesse momento peço forças para minha mãe, irmão, tia e tio em especial. Hoje gostaria de estar em casa, poder receber e dar abraços em quem amo, sei que minha presença não teria feito diferença nenhuma, mas esse é o grande mistério da palavra família, e só que o sente é capaz de entende-lo, o fato de estarmos juntos é solução de problemas, e quando estamos separados, o amor nos une.
Nós não somos feitos para entender a vontade de Deus e simplesmente para cumpri-la e isso o torna ainda mais poderoso, bom e infinito, afinal se Ele coubesse em nosso entendimento não seria mais infinito e passaria a ser finito e esse com certeza não seria o Deus que eu acredito! Nunca sabemos o motivo do sofrimento, não sabemos nem se ao menos existe um motivo, e o fim dele é sempre motivo de alegria ... o único problema é que muitas vezes isso representa o fim de tudo aquilo que vivemos. Dentro dos meus 16, quase 17 anos só consegui ver meu bisavô como um herói, alguém que dava o próprio coração para ver um sorriso, alguém que entendia que a vida é feita para se viver, afinal um dia ela acabará. Ele era um guerreiro, enquanto lutava em uma guerra, no corpo carregava marcas de tiros, mas no coração carregava lembranças de uma família e um Deus que de certa forma sempre estariam com ele. Nunca teve medo de ir atrás do que acreditava ser certo, e nunca soube negar um sorriso, o que vai deixar muita saudade para todos aqueles que ouviam suas piadinhas e broncas diarias.
Amante da caminhada, sempre andava muito, certa vez perguntei : ' Vô por que você anda tanto, você pode ir de carro também' e ele respondeu ' um dia pode ser que eu não possa mais andar e eu não quero ter disperdiçado o tempo que eu podia',pior é que na verdade ele tem toda razão. Esse era meu vô, cada cometário um ensinamento, nem me peruntem como mesmo com tanta idade conseguia ser tão atual, que enquanto eu chorava pelo fim de um namoro, foi capaz ( como ninguém) de me explicar que nada é por acaso, e que se fosse para eu ser feliz, voltaríamos a namorar.
Hoje, 06 de maio de 2011 por vontade divina ele se foi .. nem estava lá para ver sua morte, mas mesmo se estivesse, quando falo que ele morreu, prefiro por um ponto final e transformar sua morte em algo espetacular, afinal niguém morre 'grossartig', para todos o coração para de bater e com certeza o que importa é o que vem antes, então não quero e nem vou falar de sua morte, e sim de sua vida, que é o que eu vou carregar para sempre!
Termino com o começo de um texto que escrevi para ele, a cerca de um mês atrás, na certeza que seu caminho na luz já está traçado.
Muitas vezes vivemos em um mundinho pequeno e leviano, aí vem a vida e transforma nosso mundo em uma fugaz aventura, da qual nunca saíremos vivo mesmo.
Algumas pessoas são capazes de deixar o mundo um pouco mais colorido, uso como exemplo um grande homem. Um homem que hoje já não pode contar suas histórias de guerra, não pode lutar pelo seu país enquanto carrega um Deus e uma família no coração. Hoje suas pernas já não correm, seus olhos já não enxergam como antes, mas suas memórias permanecem em cada ruga, cada cicatriz. Suas mãos mostram anos de trabalho e conquistas após as batalhas, seu semblante cansado ilustra a face de um batalhador.
Agora diante do fim, vem na cabeça um momento nostálgico e de repente sinto uma saudade da sua voz, mas me tranquilizo ao pensar que tive oportunidade de conhecer um vencedor, que deixa marcas de um futuro bonito. Um homem que acrediou até o último dia que ainda é tempo de fazer o bem.